sobre Goffredo Telles Junior

Discurso de Michel Temer em homenagem ao Professor Goffredo

"Promovemos esta sessão solene, a requerimento do nobre Deputado Dimas Ramalho, em homenagem póstuma ao Prof. Goffredo da Silva Telles Júnior.

Convido para compor a Mesa o ilustre advogado Luiz Carlos Bettiol, que neste momento representa a família do homenageado.

Registro a presença do Dr. Nelson Lacava Filho, assessor e representante do Ministro Flavio Flores da Cunha Bierrenbach, e também do Dr. Vadim, velho membro das Arcadas da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, além do Deputado Francisco Rossi.

Antes de conceder a palavra aos Deputado Dimas Ramalho, autor do requerimento, quero registrar a importância do gesto da Câmara dos Deputados.

Independentemente da presença ou da ausência de muitos, é neste cenário da democracia, o plenário da Câmara dos Deputados, que se faz uma homenagem póstuma ao Prof. Goffredo da Silva Telles Júnior.

Dele eu pouco preciso dizer, especialmente àqueles que aqui se acham. Todos nós sabemos o quanto o Prof. Goffredo foi importante para a redemocratização do País. Daí eu ter mencionado que, fisicamente, há uma simbologia nesta solenidade; ou seja, no espaço mais democrático do País, o plenário da Câmara dos Deputados, homenageia-se o maior dos democratas brasileiros, o Prof. Goffredo da Silva Telles Júnior.

Falo dele – o Dr. Bettiol e o Dr. Vadim vão compreender bem o que estou dizendo – com muita saudade, e por muitas razões. Em primeiro lugar, porque ele nos recorda o passado, recorda-nos os tempos dos 18 ou 19 anos, quando sentávamos na sala do estudante da Faculdade de Direito do Largo São Francisco e lá ouvíamos as aulas magníficas do Prof. Goffredo da Silva Telles Júnior.

Até havia um fenômeno curioso: tímido que era, ele começava quase gaguejando e, por 2 ou 3 minutos, falava timidamente, engrolava as palavras, mas, de repente, como quem tivesse pegado a marcha definitiva, saía com aquela voz muito simpática, muito agradável e muito carismática, a encantar todos os alunos do seu tempo. Não eram poucas as vezes em que suas aulas terminavam sob aplausos, o que significava a aprovação de todos os seus alunos.

E ele era, para mim e para muitos da nossa geração, um exemplo. Todos nós imaginávamos, sentados modestamente nos bancos da sala do estudante, onde ele dava aulas, que um dia nós poderíamos ser como Goffredo, uma figura extraordinária. Entre outras coisas, ele dizia que o estudante de Direito pode ser advogado, juiz, promotor, delegado, jornalista, político, enfim, o advogado pode ser muitas coisas, e pode ser poeta. E Goffredo, no seu estilo de vida, era um poeta. Eu diria que ele era um jurista e uma poesia ambulante.

De modo que, em nome da democracia, este espaço democrático abre-se para as palavras daqueles colegas e companheiros que vêm homenageá-lo aqui."