A nossa Constituição, conquistada com a redemocratização após o período nebuloso dos anos plúmbeos, requeria a serenidade e os conhecimentos de alguém como Goffredo Telles Junior para interpretar e explicar o Direito e a Política a toda uma geração.
Em outubro de 1988, sob inspiração goffrediana, nasceu o Círculo das Quartas-Feiras. Às 17h, no referido dia da semana, corações ansiosos pelos ensinamentos do Mestre reuniam-se à sua volta.
O Círculo surgiu três anos após a aposentadoria compulsória de Goffredo, ao completar 70 anos, como Professor da Faculdade de Direito. Não há dúvidas de que a nova empreitada muito animou o espírito do eterno Professor, sempre dedicado aos estudantes, ao ensino da Disciplina da Convivência Humana. Como diria o jornalista Eugênio Bucci, também formado pela tradição das Arcadas, “Goffredo voltou a ser estudante, ou até mais, um militante do movimento estudantil: passou a se reunir regularmente com outros estudantes para debater temas políticos e jurídicos do Brasil. Foram tempos bons. Tempos emocionantes, motivadores.”
Em verdade, o que guiava o professor Goffredo era seu profundo conhecimento da alma humana. E seus conhecimentos foram compartilhados durante semanas a fio com os frequentadores do Círculo.
Uma passagem, em especial, vale a pena ser lembrada. Quem relata a cena é Cássio Schubsky, bacharel em Direito pela USP, historiador e jornalista, falecido jovem em 2011:
“Uma aula, entre tantas, repetida ao longo dos encontros do Círculo das Quartas-feiras, perdura na memória. Cultor de conceitos, semeador de ideias, o professor Goffredo era, com a pá de sua lavra, a palavra, germinando frondosa lição de vida, em sábias frases: ‘Não são de juristas os nomes inscritos sobre o pórtico de entrada da Faculdade. Não são. Não. São de poetas os três nomes gravados no mármore: Castro Alves, Fagundes Varela e Álvares de Azevedo. Este fato – os nomes dos três poetas de nossa Faculdade sobre as portas de entrada – simboliza que a nossa Escola, que o Jardim de Pedra das Arcadas, coloca a poesia e a beleza acima de tudo e de todos’.”
A mesma poesia e beleza que encontramos em toda a produção de Goffredo Telles Junior.