Embora as boas recordações do mestre Goffredo sempre retornem à lembrança , ao homenageá-lo no 4º aniversário de seu falecimento, essas evocações se avivam para buscar, lá atrás, em 1960, nosso primeiro encontro; aquele que marcou meu encaminhamento profissional e também pessoal, e jamais será esquecido.

Ao iniciar o curso de bacharelado nas Arcadas, com os colegas que se tornaram amigos fraternos por toda a minha existencia, éramos, os da que viria a ser a turma de 1964, “iniciados” na Ciência do Direito. A matéria: “Introdução à Ciência do Direito”. O professor: Goffredo da Silva Telles Junior.

Aquele foi para mim – e creio para a maioria dos 318 colegas que colaram grau em 1964 – o momento mágico do despertar a paixão pela Justiça e pelo Direito, através da palavra emocionada e emocionante de Goffredo.

A memória retorna viva àquelas memoráveis aulas das manhãs de 1960. Desde a entrada em que com respeitoso silêncio, em pé, o recebíamos, meio que abatido pela noite insone de “seus fantasmas”. Sentando, alguns minutos de concentração, silêncio respeitado. E, então, como que renascido, jovem e vigoroso, o grande mestre proferia mais uma de suas aulas magistrais, aula magna que aplaudíamos, também de pé, sem entender como que aquela hora havia passado. E, depois, as palavras mágicas permaneciam, ecoando e reverberando, para causar o pretendido, o despertar de uma paixão definitiva pelas liberdades, pela Justiça e pelo Direito.

Assim foi todo o ano letivo de 1960.

E essas lições calaram tão fundo que, ao final de 1964, o elegemos nosso paraninfo e essa ligação que nos uniu manteve-se e se manterá para sempre.

De lá para cá, sua trajetória pública é sobremodo conhecida, respeitada e admirada.

O que fez por nós, da turma 1964, fez por sua amada Faculdade, por seu amado Brasil, pela Justiça e pelo Direito.

E as inesquecíveis lições e as boas lembranças daqueles momentos mágicos das manhãs de 1960 permanecem e permanecerão eternamente em nossas memórias.

Aqui, na Associação dos Antigos Alunos da Faculdade de Direito da USP, as Arcadas do Largo de São Francisco, o mestre Goffredo foi de transcendental importância, pelo incentivo e apoio com que nos acolheu e impulsionou – como fizera seu pai, Goffredo da Silva Telles, nosso Presidente em 1939 / 1940 – .

As lendárias Arcadas são o repositório dessas lembranças notáveis. Em todos os cantos do Largo, das escadarias, das galerias e salas de aula, do XI de Agosto, e, sobretudo, do Pátio, o seu eterno Jardim de Pedras.

Em tudo, Goffredo vive.

Saudações Acadêmicas

Arcadas, Junho de 2013

Por José Carlos Madia de Souza