No dia 16 de maio de 1915, há quase 100 anos, nascia, em SP, Goffredo Telles Junior. Filho de Goffredo Teixeira da Silva Telles, poeta, advogado, agricultor; e de Carolina Penteado da Silva Telles.
Neto da dama Olivia Guedes Penteado, o menino Goffredo teve contato, ainda criança, com grandes nomes da política, das artes e da sociedade, entre eles Mário de Andrade, Tarsila do Amaral e Heitor Villa-Lobos. A querida avó incentivou Goffredo, notando seus talentos, a dar aulas para as amigas da família. O tema: Lógica. Vê-se, assim, que o destino logo cedo fez aflorar sua vocação para a docência.
Com a tenra idade de 17 anos, na ânsia de participar da Revolução Constitucionalista, conseguiu uma licença especial para trabalhar no Hospital do Sangue, como secretário, anunciando uma vida de lutas pelos ideais aos quais acreditava.
O Direito e as Arcadas
A Faculdade de Direito do Largo de S. Francisco foi o palco da vida universária de Goffredo Telles Junior, e de toda uma carreira de brilho único na docência.
Uma vez formado, o professor Goffredo já tinha criado laços eternos com as tradicionais Arcadas. Foi em 1940 que se tornou livre docente da USP, depois professor catedrático, tomando posse de sua cadeira (Introdução à Ciência do Direito) no ano de 1954.
"A São Francisco é a minha casa. Nasci professor por uma imposição genética."
Durante 45 anos centenas de jovens tiveram a oportunidade única de apreender todo o conhecimento acerca da Disciplina da Convivência Humana, diretamente do Professor Goffredo.
Ainda que por força da aposentadoria compulsória, em 1985 ao completar 70 anos, Goffredo continuou ligado à Faculdade e ao Centro Acadêmico XI de Agosto, aos Antigos Alunos e aos novos que buscavam na figura do Mestre, eterno nas Arcadas, o conhecimento permeado de sensibilidade única. Assim, costumava receber em seu escritório alunos que não o tiveram como professor, mas que queriam compartilhar ideias e experiências.
Em 8 de agosto de 1977, no Páteo das Arcadas, rodeado de estudantes, de gente do povo e de notáveis personalidades, Goffredo emocionou ao ler sua Carta aos Brasileiros, memorável documento de alerta e “Proclamação de Princípios de nossas convicções políticas”.
"Para nós a Ditadura se chama Ditadura, e a Democracia se chama Democracia. Os governantes que dão o nome de Democracia à Ditadura nunca nos enganaram e não nos enganarão... A consciência jurídica do Brasil quer uma cousa só : o Estado de Direito, já".
A companhia de uma vida inteira foi Maria Eugenia Raposo, advogada, também formada pelas Arcadas. O casamento ocorreu em setembro de 1967, e as palavras do próprio Professor em sua autobiografia demonstram o que tal união significou em sua vida:
"Quando a vi, imediatamente a reconheci. Coisa curiosa. Ela olhou para mim, sorriu e, meu Deus, a minha vida ficou decidida. Estamos casados há 34 anos e continuamos em lua-de-mel. Ela é minha estrela. Tivemos nossa filha Olívia, que é motivo de nosso orgulho."
Goffredo e Maria Eugenia estiveram casados por 42 anos (1967-2009). No dia 27 de junho de 2009, faleceu Goffredo da Silva Telles Junior, aos 94 anos.